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Até 2050, superbactéria pode matar uma pessoa a cada três segundos

Clara Pires

Um estudo encomendado pelo governo britânico e liderado pelo economista Jim O’Neill, conhecido por ter criado o termo BRIC, defende que até 2050, uma pessoa irá morrer a cada três segundos por causa de superbactérias, totalizando dez milhões de mortes ao ano. A publicação diz que a situação está piorando gradualmente e é preciso um esforço coletivo para mudar essa perspectiva.

Isso é necessário porque novos medicamentos não estão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo em que os que existem são desperdiçados. Nenhum novo tipo de antibiótico foi descoberto desde os anos 1980. Segundo o estudo Review on Antimicrobial Resistance, desde o seu início em 2014, mais de um milhão de pessoas morreram devido a infecções resistentes a antibióticos.

E no ano passado, médicos descobriram bactérias que resistem a colistina, o antibiótico que era visto como último recurso. A descoberta elevou o alerta sobre a possibilidade de uma era "pós-antibiótico".

A publicação propõe algumas ações que podem ajudar a mudar esse panorama: uma campanha de conscientização global e urgente; um Fundo de Inovação Global para pesquisas em estágio inicial; melhora no acesso a água limpa e saneamento, além de hospitais mais limpos para evitar infecções; redução do uso de antibiótico na agricultura; melhora na vigilância do crescimento da resistência a antibióticos; desenvolvimento de novos testes que impeçam que antibióticos sejam receitados quando eles não funcionam e promoção do uso de vacinas e de outras alternativas.

O estudo diz que essas ações poderiam ser pagas a partir de uma pequena parte do orçamento para saúde de cada país ou por meio de impostos extras para as empresas farmacêuticas que não investirem em pesquisa.

O'Neill criticou a prática cada vez mais usada na agricultura e pecuária de usar antibióticos para o crescimento de animais em vez de tratar sua infecção. Fazendo assim, a resistência de bactérias a antibióticos para infecções em seres humanos pode se espalhar, como de fato aconteceu em relação à colistina.

Ele também falou sobre a falta de testes para infecções, que acaba por fazer médicos receitarem antibióticos para pacientes com infecções virais – aquelas que não reagem ao uso de antibióticos.

O relatório foi recebido sem unanimidade. A OMS e outras instituições o elogiaram, enquanto grupos como o Médico Sem Fronteiras disseram que ele é ''insuficientes''.

Medicina PUC-Rio